Uma legião de fãs pelo mundo está de luto desde a noite desta sexta-feira (28), quando foi anunciada a morte do ator estadunidense Chadwick Boseman, aos 43 anos. De acordo com publicação nas redes sociais do artista, ele foi diagnosticado em 2016 com câncer de cólon de estágio III. Lutou desde então contra a doença, que evoluiu para o estágio IV nos últimos anos.
Mesmo com o diagnóstico, Boseman não hesitou em dar vida ao rei de Wakanda, T’Challa, primeiro super-herói negro e africano, protagonista de ‘Pantera Negra’ (2018), dirigido pela Marvel. A primeira aparição do personagem ocorreu em uma HQ de 1962.
O resultado? Um filme brilhante, vencedor do Oscar 2019 em três categorias: melhor figurino, melhor direção de arte e melhor trilha sonora. Para além dos prêmios, o filme se tornou um ícone de representatividade entre os negros. A partir dessa obra, pessoas pretas puderam se ver representadas como heróis no cinema.
Dessa forma, o protagonismo e a escalação majoritária dos negros na produção em uma posição de empoderamento, fizeram com que um homem afirmasse euforicamente: “é assim que os brancos se sentem o tempo todo”, ao se deparar com o cartaz do filme.
Chadwick Boseman foi muito mais que um super herói das telonas. Foi um herói da vida real, que travou um duro embate contra as próprias limitações. Lutou para não sucumbir ante ao câncer que o acometia, em prol da construção de um legado a um público não habituado a dominar as produções cinematográficas hollywoodianas.

No momento em que contemplamos estarrecidos a escalada de casos de racismo e violência contra negros, é fundamental que pessoas negras ocupem posições de destaque, seja nas artes, na política, na religião ou em quaisquer outros lugares que pautem o debate público.
Entre os tristes exemplos deste avanço da violência, temos o assassinato de George Floyd, em maio desse ano, em Minneapolis, e o ataque a tiros que deixou paraplégico e quase matou Jacob Blake, em Kenosha, no Wisconsin, neste mês. Em ambas as situações, os algozes eram policiais brancos.
Além dos EUA, há a realidade que vivemos em nosso próprio país: um sem número de negros hostilizados, humilhados, maltratados e mortos todos os dias. Esses casos são corroborados pelo Atlas da Violência 2020, que foi divulgado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O documento relata que o número de casos de homicídio de pessoas negras – pretas e pardas – cresceu 11,5% em uma década no Brasil, no período compreendido entre 2008 e 2018.
Segundo o relatório, baseado no Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (MS), para cada pessoa não negra assassinada em 2018, 2,7 negros foram mortos, o que representa 75,7% das vítimas. As taxas de homicídio a cada 100 mil habitantes entre negros no período foi de 37,8.
É preciso mais do que não ser racista. É fundamental ser antirracista! É necessário protestar, se posicionar contra o racismo que agride, anula e mata a população negra. E a arte, não tenha dúvida, é uma das mais poderosas armas – não letais, diga-se de passagem – para reafirmar a identidade de um povo, a força de sua luta e para levá-lo a acreditar em um amanhã sem preconceitos, sem racismo, mais justo, com mais equidade, justiça social e oportunidades. Com o seu talento Boseman fez isso. E fez muito bem!
Entre inúmeras cirurgias e sessões de quimioterapia, Chadwick Boseman estrelou produções como ‘Destacamento Blood’ – originalmente chamado ‘Da 5 Bloods’ (2020), além de ‘Ma Rainey’s Black Bottom’, filme da Netflix em que contracena com outra grande atriz negra: Viola Davis. A produção deve estrear ainda em 2020.
“A morte não é o fim. É mais um ponto de partida!”
Obrigado pela arte, Chadwick Boseman, eterno rei T’Challa.
Wakanda para sempre!
Recomende este conteúdo aos seus amigos nas redes sociais e acompanhe a Factual no Facebook, Twitter e Instagram.