Caminho dos Veadeiros passa a integrar Rede Nacional de Trilhas
Rota goiana inclui parque nacional e áreas de preservação ambiental
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A Trilha Caminho dos Veadeiros, em Goiás, foi reconhecida nesta segunda-feira (17/2) como integrante da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas). O percurso, com 483 quilômetros para caminhada e duas rotas para cicloturismo, atravessa sete municípios do Estado pelos cenários da Serra Geral do Paranã.
Segundo Samuel Schwaida, analista do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e voluntário do projeto Caminho dos Veadeiros, a conquista é resultado de 8 anos de trabalho fortemente apoiado no voluntariado para que a trilha pudesse ser acessada de forma democrática por ciclistas e caminhantes.
“A rota de caminhada ainda está em implementação e tem alguns trechos liberados. As duas rotas de bicicleta foram sinalizadas, e já é possível consultar todos os pontos de apoio mapeados e de articulação em todos os municípios. Então, as rotas de bicicleta já podem ser percorridas”, informou Schwaida.
A portaria, publicada no Diário Oficial da União, reconhece o Caminho dos Veadeiros como um importante corredor que conecta pontos de interesse do patrimônio cultural e natural brasileiro, promovendo conservação e geração de renda a partir do turismo sustentável.
A caminhada inclui as áreas de proteção ambiental (APAs) do Planalto Central e do Pouso Alegre e diversas reservas particulares do patrimônio Natural, além do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Histórico
O projeto para estruturar a trilha teve início em 2017, junto com a própria Rede Trilha, uma política pública do MMA, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Ministério do Turismo.
“Dentro dessa ideia de criar uma rede nacional, foram pensadas algumas grandes trilhas no território nacional, dentre, as quais o Caminho dos Goyazes, um projeto que já estava em concepção, e aí foi feita uma conversa com o governo estadual na época para trazer esse Caminho dos Goyazes para dentro da ideia da Rede Nacional de Trilhas”, lembrou Schwaida.
A partir daí, voluntários se organizaram em um grupo de trabalho que deu início à concepção do circuito.
“Fizemos alguns estudos de mapa, usando imagens de satélite, dados de uso e cobertura do solo. E aí começamos a montar o quebra-cabeça, fomos descobrindo onde é que já tinha trilha, onde não tinha. A única orientação que a gente tinha era de passar pelo Parque Municipal do Itiquira, em Formosa, e na região da Catarata dos Couros, que hoje é o Parque Estadual Águas do Paraíso, que foi criado nesse meio tempo. E que chegaríamos a São Jorge”, detalhou o analista.
No final de 2018, foram definidos o nome e o percurso, começando na cidade de Formosa, a 80 quilômetros de Brasília, e passando pelos municípios de Planaltina, Água Fria de Goiás, São João d’Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul e Cavalcante. Todo o caminho está dentro do bioma Cerrado, e os quatro últimos municípios são parte da Chapada dos Veadeiros.
A trilha começou a ser sinalizada por pegadas amarelas, uma marca desenvolvida pela equipe do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros para marcar a trilha de longo curso dentro da unidade de conservação. O trecho já pode ser percorrido por trilheiros.
De acordo com Schwaida, o mapeamento de infraestrutura de apoio e sinalização do percurso foi impulsionado, em 2022, pelos projetos Global Environment Facility (GEF) para Áreas Privadas e para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção, GEF Áreas Privadas e GEF Pró-Espécies, instrumentos de conservação e redução de ameaças às espécies consideradas de criticamente em perigo (CR).
Em 2023, os principais atores da sociedade civil envolvidos na implementação do circuito se organizaram na Associação Caminho dos Veadeiros (ACV), instituição responsável pelo diálogo com os órgãos públicos e comunidades, gestão e divulgação das informações relativas ao caminho e pelo manejo da trilha.
Recomendações
Todo o percurso, trechos para caminhada, mapa e pontos de apoio estão disponíveis nas redes sociais da associação, que traz também recomendações sobre quilometragem diária, atrativos encontrados e orientações sobre alimentação e pernoite.
“A gente tem esse cuidado de orientar também os usuários com relação ao mínimo impacto, ao respeito com o meio ambiente e ao cuidado nas pequenas propriedades. Então, a própria trilha foi planejada para evitar alguns problemas e como uma forma de gerar renda para as pessoas que vivem ali e também de gerar um manejo adequado, por exemplo, dos resíduos, sem causar impacto ambiental”, concluiu Schwaida.
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